Cadela é atacada a tiros em obra da estrada Caeté - Barão de Cocais (MG)

 

Uma cadela que andava pela obra da estrada Caeté-Barão de Cocais (MG) foi alvejada com várias perfurações provocadas por arma de fogo que atingiram o lado esquerdo da face. O Boletim de Ocorrência já foi registrado e a Sociedade Galdina Protetora dos Animais e da Natureza de Caeté (SGPAN) encaminhará documentação relativa ao caso ao Ministério Público. Maus tratos a animais é crime de acordo com a lei municipal 2.943/2015, estadual 22.231/16, e artigo 32 da lei federal 9.605.

 

Na tarde de 24 de julho, segundo testemunhas, gritando muito uma cadelinha amarela de porte médio correu para perto deles e sangrava muito no rosto. Paula Senra, médica veterinária de animais silvestres, que trabalha na obra, foi quem a socorreu e a levou para a Clínica Cães e Cia, em Caeté. O médico veterinário Marlon Mendes a examinou e informou que ela chegou com sangramento no nariz e boca, várias perfurações no lado esquerdo da face, na língua e uma no lado direito, “muitos fragmentos ósseos, fratura dos dentes caninos e molares, possível fratura no maxilar e mandíbula”. O raio x mostrou fragmentos de metal de diversos tamanhos espalhados por toda face do animal. Ela está internada e há grandes chances dela precisar ser encaminhada para Belo Horizonte, para cirurgia odontológica.

 

Guilherme Catão, delegado de Polícia de Caeté, informou que vai instaurar procedimento para apurar o caso.

Um grupo de pessoas está fazendo vaquinha para pagar o tratamento da cadelinha. Quem puder ajudar pode deixar doações na clínica (avenida Mundeus, 51 – bairro Mundeus – Caeté) ou depositar na conta da ong na Caixa – agência 1441, operação 003, conta corrente 00001943-2. O CNPJ é o 10431376/0001-04

 

Denunciados por ong, agressores a animais em Caeté-MG são punidos pela Justiça

 

Nos últimos anos, casos graves de agressões aos animais foram exemplarmente punidos em Caeté “e este, que infelizmente aconteceu, será mais um que terá todo nosso empenho para ser punido”, diz a nota da SGPAN nas redes sociais.

 

A ong, que fez 10 anos de atuação em Caeté em junho de 2018, denunciou os casos da cadela Negona, queimada com água fervendo em janeiro de 2014, e o caso do gatinho arremessado por cima de um muro, em junho de 2015, cujo vídeo foi parar nas redes sociais. Ambos os casos tiveram repercussão nacional. O caso mais recente, em 2017, foi de um homem que não era médico veterinário mas fazia castrações e cirurgias em animais. Vários foram parar em uma clínica da cidade, com hemorragia e sequelas das ‘cirurgias’ que ele fez.

 

“Todos foram autuados pelo crime previsto no artigo 32 da lei federal 9.605, que prevê punição para crime de maus tratos contra animais”, de acordo com a promotora de Justiça de Caeté, Anelisa Cardoso Ribeiro.

 

Os casos tiveram o empenho e a perseverança da SGPAN, que buscou todos os dados e informações possíveis para que a Polícia, o Ministério Público e a Justiça pudessem fazer seu trabalho. A mulher suspeita de ter jogado água fervendo na cadela Negona está pagando parcelado a multa no valor correspondente ao gasto que a ong teve com a recuperação da cadela numa clínica veterinária.

 

O rapaz que atirou o gatinho também pagou em parcelas R$ 1.893,00 e foi obrigado a gravar e divulgar um vídeo na internet se retratando do ato, além de prestar serviços durante seis meses para a Sociedade Galdina Protetora dos Animais e da Natureza de Caeté (SGPAN).

 

O homem que se passava por veterinário está pagando, também parcelado, valor relativo ao custo de animais que foram atendidos na clínica veterinária por complicações das “cirurgias” que ele fez e prestou o compromisso de não mais realizar atividades próprias de médico veterinário. Todos os valores estão sendo destinados à ong SGPAN, que recentemente teve que suspender esses atendimentos e atender somente casos graves por falta de dinheiro e dívida.

 

Histórias

 

O crime de maus tratos contra a cadela Negona, que ficou com ferida em carne viva na barriga por queimadura com água fervendo, também teve ampla divulgação na mídia nacional. Canais de tv foram a Caeté e fizeram reportagens mostrando a situação dramática da cadela. O crime aconteceu na manhã de 12 de janeiro de 2014, quando duas voluntárias da SGPAN foram até a casa de Alexandre Soares, morador do bairro Chapada, em Caeté, porque uma delas havia recebido telefonema de uma vizinha dele com pedido de socorro para uma cadela queimada.

 

Ao chegar ao local, as duas ficaram chocadas. A cadela estava com parte da barriga em carne viva, e ainda estava com um filhotinho recém-nascido e muito doente. Outros dois haviam morrido. As voluntárias levaram a cadela imediatamente para atendimento numa clínica veterinária que atende os animais da ong e o médico veterinário constatou tratar-se de queimadura com água fervendo. Ela ficou internada por vários dias, seu filhotinho morreu, o que agravou ainda mais seu sofrimento e de quem acompanhava de perto seu drama. Ela ficou vários dias internada na cínica, depois ficou dois meses na casa de uma voluntária da ong até fechar a ferida e finalmente voltou para seus donos, uma família muito pobre, moradora da periferia de Caeté, que cuidava dela com muito carinho. Ao longo dos meses em que ficou internada e no lar temporário, seus donos sempre foram visita-la.

 

Em junho de 2015 foi divulgado um vídeo no whatsapp em que um rapaz aparece dizendo “pra quem não gosta de gato, faz isso aqui com ele” e, em seguida, arremessa o gatinho por cima de um muro. Após tomar conhecimento do vídeo, a ONG fez boletim e ocorrência e deu ampla divulgação ao caso nas redes sociais e na imprensa nacional. Voluntários da ong tentaram localizar o gatinho. Moradores do bairro São Geraldo informaram que ele foi visto após o crime, mas ele nunca foi encontrado.

 

Falso veterinário

 

A SGPAN vinha recebendo várias informações sobre animais com sequelas de cirurgias e depois de muitas buscas descobriu que se tratava de um senhor, morador de um distrito de Caeté, que fazia as cirurgias. A ong registrou boletim de ocorrência e enviou, como nos dois outros casos, todas as informações possíveis para o Ministério Público, para que houvesse punição. O empenho da ong, Polícia e do Ministério Público foi fundamental para que todos os casos fossem esclarecidos e recebessem a devida punição.