Ofício da SGPAN ao Prefeito de Caeté
Exmo Sr Zezé Oliveira
Prefeito de Caeté
O oficio em anexo, com data de 19 de julho de 2013, foi o último encaminhado pela Sociedade Galdina Protetora dos Animais e da Natureza de Caeté (SGPAN) à Vossa Senhoria.
Não obtivemos resposta a este ofício.
Após não receber retorno, mandamos alguns emails ao gabinete, telefonamos e insistimos na continuidade das reuniões para a concretização das ações até então acertadas com a Prefeitura, como consta no mesmo ofício e em matéria anexa publicada em jornal.
“... implantação de um ambulatório no Anexo da Prefeitura para realização de castrações, atendimentos veterinários, eutanásias e exames de leishmaniose; apoio no transporte de animais de rua resgatados pela ONG, fornecimento de ração para os animais em lares temporários e o início urgente das cirurgias de castração, além de local para abrigamento temporário de animais”.
Apesar de toda a insistência para o agendamento de outra reunião em 2013, jamais obtivemos resposta da Prefeitura que se limitou, ao longo dos três últimos anos, a ceder carro com motorista em alguns eventos de adoção e campanhas de castração que promovemos e recolhimento de carcaças de animais mortos, a pedido da ONG. A Prefeitura repassou em 2015 subvenção de R$ 3 mil que correspondia a menos de 10% da dívida que a ong acumulou com um clínica da cidade, para onde seus voluntários levam os animais de rua doentes e de pessoas pobres. A campanha de castração realizada em parceria com a Escola de Veterinária da UFMG em 2013 (Projeto AGHA/UFMG), que só aconteceu por muita perseverança da SGPAN, foi uma ação isolada, não teve continuidade por parte da Prefeitura, apesar da proposta do projeto AGHA/UFMG ser plantar a semente e ter prosseguimento por parte da Prefeitura.
A parceria sonhada pela ONG com o poder público, trabalhada com os candidatos durante a campanha de 2012 e que teve início com a Prefeitura no primeiro semestre de 2013, morreu no segundo semestre de 2013.
A SGPAN prosseguiu – sozinha – com o trabalho de providenciar transporte, encaminhar para atendimento veterinário, vacinar, vermifugar, castrar, arrumar abrigo, encaminhar para adoção e assumir todos esses custos de centenas de animais vítimas de abandono e maus tratos de humanos e de um poder público omisso para com estes seres. Uma realidade tão absurda, tão massacrante para cidadãos comuns, que trabalham o dia inteiro, pagam impostos e ainda têm que arcar com dívida e o peso de todo um trabalho que deveria ser feito pela Prefeitura.
Não desistimos diante dessa omissão porque nos negamos a ser também omissos diante da dor dos animais. Preferimos assumir dívidas, lotar nossas casas, minar nossa saúde, expor nossos telefones pessoais (que absurdamente chegaram a ser repassados por agentes da Prefeitura) para a comunidade nos acionar a noite, de madrugada, finais de semana, feriados, férias, a ter que ver os animais agonizando nas ruas.
Ao longo de sete anos e meio de existência, a SGPAN resgatou mais de dois mil animais, castrou cerca de 1.300 e desde abril de 2015 sobrevive porque a promotora Dra Anelisa Cardoso decidiu encaminhar valores de penas pecuniárias para a conta da SGPAN. É o que está garantindo a sobrevida da ONG. Seus poucos voluntários estão exaustos. Já fizemos rifas, bingos, bazares... Não temos mais forças. O dia a dia com nossas casas lotadas de animais doentes, muitos animais em situação de maus tratos, atropelados, ninhadas abandonadas, surtos de cinomose, leishmaniose, falta de transporte, abrigo, dinheiro... tudo isto nos consome. Já ultrapassamos todos os nossos limites.
Em 2013 tínhamos a força/fragilidade da nossa voz pelos animais. Agora, em 2016, temos a nossa voz e a força de uma lei.
Nosso sonho de o poder público assumir suas responsabilidades com os animais está próximo de ser realizar pela lei sancionada pelo prefeito Fernando Pimentel em 16 de janeiro de 2016. A lei 21970, em anexo, precisa ser cumprida e, para isto, a exemplo do que fizemos em 2013, sugerimos que Caeté copie urgente o modelo da Prefeitura de Conselheiro Lafaiete, referência para todo o Brasil. Os poucos voluntários da SGPAN estão á disposição para ajudar no que for possível, além de acompanhar e fiscalizar a execução da lei.
Atenciosamente
Patrícia Dutra
Presidente da Sociedade Galdina Protetora dos Animais e da Natureza de Caeté (SGPAN)